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Coração de estudante

“Mas renova-se a esperança / Nova aurora a cada dia / E há que se cuidar do broto / Pra que a vida nos dê flor / Flor e fruto”. Os versos que abrem este editorial são da canção “Coração de Estudante”, escrita e interpretada por Milton Nascimento, em 1984. Nela, um dos maiores cantores da música brasileira homenageia Edson Luís, um dos primeiros estudantes mortos pela ditadura militar, em 1968. Para batizar essa obra prima, Milton elegeu uma flor muito comum em Minas Gerais, a coração-de-estudante. Na costura da obra, a menção aos desafios enfrentados pelos jovens, com momentos podados e destinos desviados, representa as adversidades que, por vezes, obscurecem a alegria e a esperança da juventude. Este editorial, no entanto, não é sobre silêncio e violência, mas sim sobre emancipação e educação, cuja pretensão é homenagear, mesmo que brevemente, os autores das pesquisas do Blog da Fadi – ano 2.
Quem encontra as folhas da coração-de-estudante pode pensar que ela nasceu de um dia para o outro. Quem olha para as pesquisas publicadas nesta segunda edição também pode pensar que os trabalhos nasceram rapidamente, sem conflitos ou obstáculos. Contudo, todas as publicações foram desenvolvidas durante os meses que compõem o primeiro semestre acadêmico de 2025, acompanhadas pela dinâmica da disciplina de extensão. Alguns trabalhos foram rapidamente decididos, outros levaram tempo para encontrar seu rumo. Alguns estudantes iniciaram o projeto de pesquisa como se o “produto final” fosse mais um trabalho acadêmico, outros entenderam a missão dos projetos – promover autonomia discente e senso de coletividade – enquanto enfrentavam os dilemas da pesquisa com finalidade cidadã. Há outros, também, que se viram assustados diante da responsabilidade de comunicar um saber jurídico para a comunidade e abraçaram a incerteza com coragem e muito empenho. Todos, sem exceção, foram modificados de alguma forma, provando que a educação é a ferramenta mais poderosa para emancipar corpos e mentes.
Como professora da disciplina, questionei-me, durante todo o processo, se o meu sentimento diante do empenho dos alunos estava – como cantou Milton – apenas dentro do meu peito ou se caminhava pelo ar, como a
flor da juventude. Por vezes, desejei que eles pudessem se enxergar com meus olhos, mas compreendi que há tempo para tudo, inclusive para que a natureza de cada um se manifeste. De qualquer modo, o que eu vi (e todos poderão desfrutar nesta edição) renovou minha esperança na juventude e na possibilidade de desenvolver conhecimento de
forma responsável e afetuosa. Quando uma pessoa produz algo significativo, ela passa a acreditar um tanto mais nela e nas possibilidades que as letras podem oferecer, o que produz um efeito muito positivo na autoestima e na possibilidade de, finalmente, pertencer ao fluxo do conhecimento. Essa transformação é silenciosa e preciosa, como tudo que realmente merece nosso tempo de vida.
Entre acertos e erros, a sequência didática de um projeto dessa envergadura social compreende a sensibilização do tema “cidadania” por meio das leituras de Antonio Candido e Moacir Gadotti; a elaboração e apresentação de um plano de trabalho; a compreensão sobre os conceitos e métodos de pesquisa; a adaptação da linguagem acadêmica para outra mais acessível ao grande público; além da escolha de uma estética que fosse atrativa ao leitor sem que, para isso, o conteúdo fosse simplificado. Os temas contemplados nesta edição são : a Educação de Jovens e Adultos (EJA); os filmes “Ainda estou aqui” e “Central do Brasil”; a “Lei Anti-Oruam”; o projeto FUNAP; a “prostituição moderna” no aplicativo OnlyFans; o Plano Diretor de Sorocaba; o superendividamento; o
Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples; a reprodução assistida; a Agência da ONU para refugiados (ACNUR); o Parque Tecnológico de Sorocaba; a regularização fundiária; o direito dos animais; os erros de precificação; a venda de fotos da íris ocular; os Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) e a reforma psiquiátrica; o cyberbullying; o uso de canabidiol para fins medicinais; a situação das mães no cárcere; a regularização do empresário informal; a tributação dos alimentos no Brasil; a adoção; o projeto de lei 2745/2024 sobre a inclusão da educação jurídica no ensino básico; a segurança pública e o Atlas da Violência; e o uso de câmeras corporais pelos policiais.
Nesse contexto plural e humanitário, para continuar “cuidando dos brotos, pra que a vida nos dê flor”, gostaria de agradecer os professores da instituição e todos os entrevistados que abraçaram o projeto e incentivaram a aprendizagem, bem como a Faculdade de Direito de Sorocaba. Aos alunos, os protagonistas deste texto, obrigada pela disponibilidade de se aventurar no universo da pesquisa, pela dedicação nas aulas-oficina, pela confiança nasorientações e por alimentarem o meu esperançar na educação. Espero que vocês sigam corajosos, como um coração de estudante que, ao romper a terra, cuida da vida e do mundo.
Sejam todos muito bem-vindos ao Blog da Fadi, Ano 2: um projeto da disciplina de Extensão, que pretende criar pontes entre a FADI e a Comunidade, reforçando os valores democráticos e o direito à educação de qualidade.
Professora Mônica Miliani Martinez

Coração de estudante

“Mas renova-se a esperança / Nova aurora a cada dia / E há que se cuidar do broto / Pra que a vida nos dê flor / Flor e fruto”. Os versos que abrem este editorial são da canção “Coração de Estudante”, escrita e interpretada por Milton Nascimento, em 1984. Nela, um dos maiores cantores da música brasileira homenageia Edson Luís, um dos primeiros estudantes mortos pela ditadura militar, em 1968. Para batizar essa obra prima, Milton elegeu uma flor muito comum em Minas Gerais, a coração-de-estudante. Na costura da obra, a menção aos desafios enfrentados pelos jovens, com momentos podados e destinos desviados, representa as adversidades que, por vezes, obscurecem a alegria e a esperança da juventude. Este editorial, no entanto, não é sobre silêncio e violência, mas sim sobre emancipação e educação, cuja pretensão é homenagear, mesmo que brevemente, os autores das pesquisas do Blog da Fadi – ano 2.
Quem encontra as folhas da coração-de-estudante pode pensar que ela nasceu de um dia para o outro. Quem olha para as pesquisas publicadas nesta segunda edição também pode pensar que os trabalhos nasceram rapidamente, sem conflitos ou obstáculos. Contudo, todas as publicações foram desenvolvidas durante os meses que compõem o primeiro semestre acadêmico de 2025, acompanhadas pela dinâmica da disciplina de extensão. Alguns trabalhos foram rapidamente decididos, outros levaram tempo para encontrar seu rumo. Alguns estudantes iniciaram o projeto de pesquisa como se o “produto final” fosse mais um trabalho acadêmico, outros entenderam a missão dos projetos – promover autonomia discente e senso de coletividade – enquanto enfrentavam os dilemas da pesquisa com finalidade cidadã. Há outros, também, que se viram assustados diante da responsabilidade de comunicar um saber jurídico para a comunidade e abraçaram a incerteza com coragem e muito empenho. Todos, sem exceção, foram modificados de alguma forma, provando que a educação é a ferramenta mais poderosa para emancipar corpos e mentes.
Como professora da disciplina, questionei-me, durante todo o processo, se o meu sentimento diante do empenho dos alunos estava – como cantou Milton – apenas dentro do meu peito ou se caminhava pelo ar, como a
flor da juventude. Por vezes, desejei que eles pudessem se enxergar com meus olhos, mas compreendi que há tempo para tudo, inclusive para que a natureza de cada um se manifeste. De qualquer modo, o que eu vi (e todos poderão desfrutar nesta edição) renovou minha esperança na juventude e na possibilidade de desenvolver conhecimento de
forma responsável e afetuosa. Quando uma pessoa produz algo significativo, ela passa a acreditar um tanto mais nela e nas possibilidades que as letras podem oferecer, o que produz um efeito muito positivo na autoestima e na possibilidade de, finalmente, pertencer ao fluxo do conhecimento. Essa transformação é silenciosa e preciosa, como tudo que realmente merece nosso tempo de vida.
Entre acertos e erros, a sequência didática de um projeto dessa envergadura social compreende a sensibilização do tema “cidadania” por meio das leituras de Antonio Candido e Moacir Gadotti; a elaboração e apresentação de um plano de trabalho; a compreensão sobre os conceitos e métodos de pesquisa; a adaptação da linguagem acadêmica para outra mais acessível ao grande público; além da escolha de uma estética que fosse atrativa ao leitor sem que, para isso, o conteúdo fosse simplificado. Os temas contemplados nesta edição são : a Educação de Jovens e Adultos (EJA); os filmes “Ainda estou aqui” e “Central do Brasil”; a “Lei Anti-Oruam”; o projeto FUNAP; a “prostituição moderna” no aplicativo OnlyFans; o Plano Diretor de Sorocaba; o superendividamento; o
Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples; a reprodução assistida; a Agência da ONU para refugiados (ACNUR); o Parque Tecnológico de Sorocaba; a regularização fundiária; o direito dos animais; os erros de precificação; a venda de fotos da íris ocular; os Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) e a reforma psiquiátrica; o cyberbullying; o uso de canabidiol para fins medicinais; a situação das mães no cárcere; a regularização do empresário informal; a tributação dos alimentos no Brasil; a adoção; o projeto de lei 2745/2024 sobre a inclusão da educação jurídica no ensino básico; a segurança pública e o Atlas da Violência; e o uso de câmeras corporais pelos policiais.
Nesse contexto plural e humanitário, para continuar “cuidando dos brotos, pra que a vida nos dê flor”, gostaria de agradecer os professores da instituição e todos os entrevistados que abraçaram o projeto e incentivaram a aprendizagem, bem como a Faculdade de Direito de Sorocaba. Aos alunos, os protagonistas deste texto, obrigada pela disponibilidade de se aventurar no universo da pesquisa, pela dedicação nas aulas-oficina, pela confiança nasorientações e por alimentarem o meu esperançar na educação. Espero que vocês sigam corajosos, como um coração de estudante que, ao romper a terra, cuida da vida e do mundo.
Sejam todos muito bem-vindos ao Blog da Fadi, Ano 2: um projeto da disciplina de Extensão, que pretende criar pontes entre a FADI e a Comunidade, reforçando os valores democráticos e o direito à educação de qualidade.
Professora Mônica Miliani Martinez

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